sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tempo de trabalho e tempo livre



De acordo com pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ao longo das décadas de 1990 e 2000, houve uma redução do tempo dedicado ao trabalho no Brasil. Ao considerar apenas as ocupações únicas ou principais, a proporção populacional    que excede o limite constitucional de 44 horas semanais baixa de 39,4% em 1992 para 38,6% em 2001, assim como encolhe para 29,3% em 2009.
Mas é importante destacar, em linhas gerais, desenhadas a partir das informações da Pnad/IBGE são de redução da relevância do tempo de trabalho na vida diária da população brasileira. Seja quando se leva em conta todas as ocupações, seja quando se toma apenas as ações únicas ou principais, há uma diminuição das situações de excesso de trabalho (compreendidas como aquelas em que se trabalha 45 horas ou mais por semana).
No entanto, não quer dizer que a população ocupada está tendo tempo livre, segundo a pesquisa, quase metade dos entrevistados relata que, mesmo quando é alcançado o limite da jornada diária, o trabalho continua a lhes acompanhar, até mesmo em suas casas. Isso por conta da necessidade de permanecer em prontidão/sobreaviso, por causa da realização de teletrabalho (por internet, celular etc.), por conta da necessidade de preparação para o trabalho do dia seguinte e assim por diante.
Ou seja, mesmo com a maior parte da população trabalhando menos a partir dos anos 2000, há um “esmaecimento” dos limites entre tempo de trabalho e tempo livre, que faz com que este seja gradualmente convertido no primeiro – sem que isto seja registrado em levantamentos como a Pnad/IBGE.
Com isso, a perda de noção de tempo livre é tamanha, pois quando os entrevistados são questionados sobre o que fariam caso aumentasse o seu tempo livre apenas 6% afirmaram que praticariam algum tipo de esporte ou uma atividade de lazer e 36% não sentiriam diferença, pois não cumprem jornada regular de trabalho e 2% dedicaria seu tempo livre para fazer hora extra. A pesquisa do IPEA ouviu 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas, das cinco regiões do país.



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