segunda-feira, 22 de abril de 2013

Empresários dão dicas de como empreender após a aposentadoria


Professora aposentada montou empresa de reforma de calçadas.
Especialistas fazem recomendações para abrir empresa nessa fase da vida.

Aos 58 anos, a professora aposentada Carmen Lúcia Pereira acaba de abrir uma empresa no Rio de Janeiro especializada em construção e reforma de calçadas. Já ter passado dos 50 anos não foi um empecilho para a empreendedora embarcar no negócio, pelo contrário: para ela, ter a própria empresa é uma forma de complementar a renda em um mercado de trabalho competitivo, além de proporcionar uma ocupação e oferecer um serviço diferenciado, relata.
“Eu preciso mesmo, preciso me sustentar, porque o que eu ganho como aposentada nunca dá, nunca deu. Eu tenho que pagar minhas despesas, tenho que trabalhar mesmo, não posso parar (...). Não tem espaço para mim nessa idade hoje no mercado e eu sempre tive essa coisa de fazer, essa criatividade, essa angústia de ideias”, relata.
As aposentadas Yeda e Carmen optaram por empreender como forma de complementar a renda e ocupar o tempo (Foto: Mateus Pereira/Agência Sebrae/Divulgação e Arquivo Pessoal)As aposentadas Yeda, de 72 anos, e Carmen, de 58, optaram por empreender como forma de complementar a renda e ocupar o tempo (Foto: Mateus Pereira/Agência Sebrae/Divulgação e Arquivo Pessoal)
Com o envelhecimento da população brasileira, o empreendedorismo se torna importante fator de manutenção da parcela da população de mais idade na economia ativa, avalia Luiz Barretto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O G1ouviu empreendedores após os 50 anos e especialistas para dar dicas a quem quer entrar no mundo dos negócios nessa fase da vida.
Dicas para empreender após os 50 anos
Experiência
Abrir um negócio no mesmo ramo em que se trabalhou é uma vantagem. A experiência profissional anterior pode ser usada no desenvolvimento do próprio negócio. Pessoas mais maduras também costumam estar menos sujeitas à ansiedade e, muitas vezes, acostumadas a trabalhar sob pressão
Planejamento
As orientações básicas são as mesmas para todos os empreendedores: elaborar um bom plano de negócios, estudar o mercado e buscar capacitação. O Sebrae, por exemplo, oferece apoio. Quanto mais planejamento, melhores as chances do negócio prosperar
Prazer no trabalho
Uma das vantagens está na possibilidade de se dedicar a uma atividade de que o empreendedor realmente goste (caso não tenha sido assim na vida como funcionário). Pense nas coisas que gosta de fazer e avalie formas de ganhar dinheiro com elas

Diferencial
Independentemente da idade do empreendedor, é preciso pensar em um produto ou serviço que tenha demanda no mercado. Não se deve deixar de buscar a inovação. É preciso estar atento às tendências, investir em novas tecnologias, buscar negócios que sejam sustentáveis nos aspectos ambiental, econômico e social
Necessidade
A desvantagem de qualquer empreendimento, seja liderado por um jovem ou pessoa mais velha, é quando é fruto de uma necessidade de sobrevivência e não apenas por oportunidade. É preciso fazer uma análise para verificar qual é o seu perfil. O Sebrae tem um curso, chamado Empretec, que trabalha a atitude empreendedora e pode ajudar nesses casos
Dedicação
Abrir uma empresa exige coragem e determinação em qualquer idade. É preciso arriscar, planejar e investir dinheiro e tempo em um negócio
Fonte: Sebrae
“O empreendedor com mais idade, em geral, acumula experiência profissional e tem um comportamento mais seguro e de menor propensão ao risco, com mais planejamento”, avalia Barretto. Para ele, contudo, abrir uma empresa exige coragem e determinação em qualquer idade. “Independente da faixa etária, todos os empreendedores são corajosos por natureza. É preciso arriscar, planejar e investir, não apenas dinheiro, mas muito tempo de dedicação em um negócio”, orienta.
Carmen, por exemplo, afirma que todo trabalho a move por um motivo pessoal que traga algum retorno que não só o financeiro. “É uma coisa que me encanta, eu gosto também das outras coisas, de ficar em casa, de fazer um ‘bordadinho’. Mas gosto também de fazer um trabalho que fique para sempre, essa questão do conforto da cidade, da acessibilidade. (...) Eu quero sempre acrescentar alguma coisa a mais”, diz, com relação à criação da empresa de reforma de calçadas.
Historicamente, a parcela da população de 55 a 64 anos tem menor participação de novos empreendedores do que as demais. Em 2012, 8,3% da população dentro dessa idade estava envolvida na criação de um novo negócio no país, de acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2012, feita pelo Sebrae. A maior participação era na parcela da população de 25 a 34 anos, de 19,2% (veja na tabela abaixo).
Para Barretto, contudo, é natural que depois de certa idade menos pessoas tenham essa disposição para iniciar um novo negócio na comparação com faixas etárias mais jovens. “A diferença costuma ser de comportamento. Um jovem empreendedor, normalmente é mais impetuoso e disposto a assumir riscos e a inovar”, diz. Ele afirma, contudo, que empreender sempre vai envolver riscos, mas um planejamento “sólido” pode minimizá-los.
Aposentada há cerca de dez anos, a empreendedora Carmen, por exemplo, relata que o processo de pesquisa para a criação da Espaço Calçada Z, inaugurada em meados de fevereiro, demorou aproximadamente um ano e meio.
A ideia de criar a empresa surgiu em uma caminhada pelo Rio de Janeiro, onde mora. “Eu vi o chão da cidade, com as calçadas todas esburacadas.” Ela fez cursos na prefeitura, visitou canteiros de obras e feiras de pedras, além de um curso de gestão, onde aprendeu a desenvolver um plano de negócio. “O curso [de gestão] foi fundamental, eu estava com muito conhecimento acumulado e não sabia como aplicar. Me deu coragem”, revela. Como não conseguiu financiamento no banco, pegou um pequeno empréstimo de R$ 30 mil com um parente para dar início ao negócio. Atualmente, a empresa está em fase de captação e desenvolvimento dos primeiros projetos.
Uma das especialidades é o acabamento com pedras portuguesas, mas a empresária afirma que enxerga outras oportunidades. “Penso em fazer praças, coisas voltadas ao urbano, prefeituras, sítios. Os comerciantes também, todos precisam ter as suas calçadas em ordem, o serviço precisa de velocidade para a loja não ficar tanto tempo fechada.”
A empreendedora diz, porém, que sempre fez alguma atividade extra mesmo quando era professora, para complementar a renda, e chegou a ser sócia em uma loja de alimentos, mas somente agora está sozinha à frente de um negócio. Ele tem, contudo, o suporte das duas filhas arquitetas. “Elas têm as carreiras delas, mas dão apoio.”

Experiência a seu favor
A experiência é um dos aspectos citados por especialistas como positivo na hora de empreender após os 50 anos, já que aprendizados e vivências com atividades em outras empresas podem ser aproveitados na gestão do próprio negócio.
"Existe um trade-off [jogo de perde-ganha] de experiência, networking e recursos financeiros versus não ter um custo alto de vida, responsabilidade pessoal com filhos (...). Empreendedores mais experientes têm uma bagagem de conhecimento, networking e recursos financeiros que pode acelerar e muito o crescimento do negócio e reduzir os riscos do projeto não virar", avalia Marcos Simões, diretor de serviços a empreendedores da Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo de alto impacto.
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População envolvida na criação de um novo negócio no país (% dentro de cada faixa etária)
Faixa etária20082009201020112012
18 a 24 anos15,413,517,412,8214,2
25 a 34 anos12,817,922,217,8519,2
35 a 44 anos13,718,716,717,2418,7
45 a 54 anos10,414,416,113,0612,1
55 a 64 anos36,59,59,338,3
Total11,114,217,514,8915,4
Fonte: Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor
“Abrir um negócio próprio no mesmo ramo em que se trabalhou é uma vantagem, por já conhecer a atividade”, afirma Barretto. O presidente do Sebrae lembra, ainda, que que outro ponto a favor é a possibilidade de se dedicar a uma atividade que o empreendedor goste – o que pode não ter acontecido na vida anterior como como funcionário.
Ter mais recursos para investir, em comparação aos mais jovens, é outro fator positivo do empreendedorismo na terceira idade, avalia Carlos Wizard Martins, dono da rede de escolas de idiomas Wizard e autor do livro "Desperte o milionário que há em você". Segundo ele, 20% dos novos franqueados na rede têm mais do que 50 anos.

Martins também cita o aumento da expectativa de vida. “Hoje, a nossa população está vivendo mais, e vai viver mais e em função da qualidade de vida, do avanço da medicina, vai ter longevidade maior do que os antepassados tiveram (...). O mercado de trabalho ainda é discriminatório. No mundo do empreendedorismo não tem essa barreira, essa limitação."
Microempreendedor Individual
A administradora de empresas aposentada Yeda Mattos, de 72 anos, por exemplo, aproveitou o tempo livre após a aposentadoria para fazer artesanato. Cadastrada como Microempreendedora Individual (MEI), ela afirma que hoje tem um faturamento médio mensal de aproximadamente R$ 5 mil com a venda de produtos em patchwork (trabalho manual com retalhos de tecidos).
Microempreendedores Individuais (MEIs) - em março de 2013
Faixa etáriaNúmero de MEIsPorcentagem
16 a 17 anos5860,02%
18 a 20 anos47,4 mil1,64%
21 a 30 anos726,7 mil25,16%
31 a 40 anos948,9 mil32,85%
41 a 50 anos687,1 mil23,79%
51 a 60 anos368,5 mil12,76%
61 a 70 anos91,2 mil3,16%
Acima de 70 anos17,8 mil0,62%
Total2,8 milhões100%
Fonte: Portal do Empreendedor
De acordo com dados do Portal do Empreendedor, havia, até 31 de março deste ano, 2,9 milhões de MEIs no país, sendo 478 mil com mais de 50 anos (16,5% do total). O MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário. Para ser um microempreendedor individual é necessário faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.

Yeda conta que trabalhou a vida todo na indústria química em Camaçari, na Bahia, mas sempre viveu em Salvador (ela ia e voltada diariamente). Após se aposentar definitivamente, com 60 anos, descobriu no artesanato uma forma de continuar a trabalhar. “Quando fiquei mesmo em Salvador todos os dias, imaginei o que poderia fazer. Busquei um instituto que dava aulas de artesanato, o primeiro que fiz com 60 anos foi o de patchwork, depois fiz outros cursos de tecelagem”, diz.
Após um problema no joelho, ela passou a fazer apenas trabalhos de patchwork. “Faço tudo sozinha e à mão. Vendo nas feiras indicadas pelo Sebrae e nas feiras de diversos outros lugares, feiras do município”, explica.
Dificuldade
Os especialistas alertam, contudo, que é preciso estar preparado para eventuais problemas no andamento do negócio. “Empreender sempre envolve risco”, diz Barretto, do Sebrae.

Em Curitiba, por exemplo, a mudança de ponto prejudicou os negócios do empresário José de Matos, de 54 anos, que resolveu empreender após não encontrar mais emprego no seu setor, o de gráficas, onde trabalhou por 20 anos. Ele fez cursos de encadernação e se especializou em restaurar bíblias e livros antigos há cerca de 10 anos. Em 2012 ele se legalizou como MEI.
Há cerca de um ano, contudo, Matos mudou de ponto, no centro da cidade, e disse que perdeu cerca de 60% da clientela – o público que frequenta igrejas na região. "Foi um desastre mudar de lugar (...). No centro é muito movimentado e não tem lugar para estacionar o carro, o pessoal não vai pagar R$ 10 de estacionamento".
Faço tudo sozinha e à mão. Vendo nas feiras indicadas pelo Sebrae e nas feiras de diversos outros lugares, feiras do município"
Yeda Mattos, de 72 anos, empreendedora
A nova realidade o forçou a voltar a procurar emprego como porteiro por meio período para ajudar nas despesas. Matos garante, contudo, que a experiência foi um aprendizado e espera ficar por pouco tempo trabalhando como funcionário. "Estou procurando um novo lugar. O que eu gosto mesmo é de reformar livros."

Barretto cita outros fatores que podem atrapalhar o andamento dos negócio, como não saber planejar períodos de sazonalidade, com faturamento menor, ou deixar de investir no negócio e fazer muitas retiradas do caixa da empresa. “Um erro muito comum é misturar as contas pessoais com as contas da empresa e uma pessoa habituada durante toda a vida a receber salário, pode ter dificuldades com isso no início”, salienta Barretto.
Para a empreendedora Yeda, que faz artesanatos, uma forma de aumentar as oportunidades é se especializar. "Eu fui para São Paulo, conheci professoras, participei de eventos, fiz cursos". Segundo ela, uma forma de aumentar as vendas é fazer produtos em todas as faixas de preços. "Para uma pessoa ter uma renda para se sustentar, ela tem que ter aquele artesanato que custa R$ 5 e o que custa R$ 50. Ela precisa fazer dinheiro (...), tem que ter peças diferenciadas mais baratas para compensar quando não vender a mais cara", avalia.
A aposentada afirma, ainda, que além de fornecer a renda extra, o empreendedorismo proporciona uma ocupação para a mente no envelhecimento. “Eu não vou ficar dentro de casa, eu passei a vida inteira fora de casa [trabalhando]. (...) Eu vou para lá [na feira], converso com as pessoas, para mim isso aí é saúde”, afirma.
Gabriela GasparinDo G1, em São Paulo

STF deve decidir neste ano sobre a possibilidade de desaposentação


Resultado de batalha jurídica pode beneficiar meio milhão de pessoas que se aposentaram e voltaram a trabalhar

STF deve decidir neste ano sobre a possibilidade de desaposentação Marcus Tatsch/Especial
Após trabalhar e contribuir com a Previdência por mais 11 anos além da aposentadoria oficial, Aldo Agne busca a revisão de valores na JustiçaFoto: Marcus Tatsch / Especial
Uma batalha jurídica que soma 24 mil processos e tem potencial de beneficiar meio milhão de brasileiros que se aposentaram e voltaram ao batente pode estar próxima do fim. A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue ainda neste ano o caso que irá orientar os juízes nas decisões de processos sobre desaposentadoria em instâncias anteriores.
A discussão envolve o direito de requerer novo cálculo do benefício pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por aposentados que seguem trabalhando e contribuindo para a Previdência. Mesmo que para avançar o caso ainda precise da indicação de um novo relator, devido à aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto, a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger, avalia que o STF decidirá o assunto em 2013, influenciado pela discussão do tema no Congresso.
Há duas semanas, um projeto de lei que cria a possibilidade de recálculo do benefício foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado, onde tramitava em caráter terminativo – permitiria o envio do texto à Câmara. Mas como o governo argumenta que a desaposentadoria elevaria o déficit da Previdência, senadores aliados ao governo prometem recorrer para que a matéria ainda passe por outras duas comissões antes de seguir para o plenário.
Custo em duas décadas seria de R$ 50 bilhões
Segundo o governo, cerca de 500 mil aposentados poderiam ter a revisão do benefício. Se a tese da desaposentadoria sair vencedora, em 20 anos o custo seria de R$ 50 bilhões.
Para Jane Berwanger, o projeto de lei enfrentará dificuldades para avançar devido ao provável veto presidencial. A maior esperança é que a discussão no Legislativo apresse o STF.
– Isso chama a atenção. O Supremo pode se sensibilizar e voltar a colocar em pauta. É uma característica do atual presidente do STF (Joaquim Barbosa) colocar em votação matérias com ampla repercussão, principalmente pelo grande número de processos – avalia a presidente do IBDP, referindo-se a casos analisados neste ano, como o que considerou inconstitucional o pagamento parcelado de precatórios.
Com o papel de defender o INSS, a Advocacia-Geral da União também tem informações sobre a inclinação do STF em bater o martelo sobre a desaposentadoria ainda em 2013.
– O Supremo sinaliza que gostaria de julgar o quanto antes. Temos conversado com as assessorias dos ministros, e há a visão sobre a importância desse processo, que tem impacto econômico expressivo. Aguardamos ainda este ano uma posição. É uma questão de muita indagação no meio jurídico – diz Gustavo Augusto Freitas de Lima, diretor substituto do Departamento de Contenciosos da Procuradoria-Geral Federal.
Para Lima, a legislação atual proíbe a renúncia de uma aposentadoria para a contagem de novo tempo de contribuição. O ex-ministro da Previdência José Cechin diz que a aposentadoria é um ato "irrenunciável" e, dessa forma, os beneficiários não poderiam voltar atrás e pedir recálculo.
Cechin entende que, de qualquer forma, a origem do problema está na possibilidade de o brasileiro se aposentar em idade precoce, ao redor de 50 anos. Devido aos descontos que têm no benefício por causa do fator previdenciário, muitos optam por continuar na ativa e acumular ganhos.
– Esse problema poderia ser resolvido inibindo a aposentadoria de pessoas jovens que permanecem no mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, as pessoas se aposentam com 65 anos e, se quiserem continuar trabalhando, a cada dois dólares que recebem de salário, perdem um na aposentadoria – exemplifica Cechin.
Com ação judicial, motorista cobra retorno de contribuição
Para o aposentado Aldo Agne, 58 anos, o reconhecimento do direito de recalcular o benefício que recebe do INSS seria a possibilidade de não precisar mais fazer bicos. Morador de Cachoeira do Sul, Agne ganhava a vida como motorista de ônibus, ofício em que continuou mesmo após requerer a aposentadoria.
Depois de trabalhar e contribuir com a Previdência por mais 11 anos além da aposentadoria oficial, o motorista agora busca a revisão dos valores que recebe por meio de uma ação na Justiça:
– Acho que é justo porque a gente paga a vida toda, segue contribuindo e tem o desconto que não tem devolução. Caso contrário, é um dinheiro perdido.
Mesmo tendo abandonado o emprego fixo, Agne ainda precisa melhorar a renda familiar realizando serviços esporádicos como motorista de excursões. O aumento no benefício, lembra o profissional, ajudaria a enfrentar a elevação crescente do custo de vida.
– Tudo é caro e está subindo. As contas vão apertando – justifica.
Tire suas dúvidas
O que é desaposentadoria?
É a possibilidade de o segurado que segue trabalhando ou retorna ao mercado após se aposentar requerer novo cálculo para aumentar o benefício. O novo valor se dá pela incorporação no cálculo do período trabalhado após a aposentadoria. Hoje, a pessoa segue contribuindo com o INSS, mas não recebe o valor equivalente.
Como é requerida?
A desaposentadoria não está prevista em lei. Por isso, não basta pedir revisão ao INSS. A troca do benefício antigo por um novo só pode ser buscada na Justiça.
Quem pede?
A maioria de quem busca essa opção é de segurados com aposentadoria proporcional (homens com menos de 35 anos de contribuição e mulheres com menos de 30) ou que tiveram redução no valor em decorrência da aplicação do fator previdenciário. Ao pedir a revisão, os beneficiários podem acumular maior tempo de contribuição e obter aumento do benefício.
A revisão é sempre vantajosa?
Nem sempre. É fundamental calcular o valor do novo benefício para comparar com o atual. Por exemplo, é desvantajosa para quem contribuía sobre o teto até se aposentar e passou a contribuir sobre o mínimo.
O que podem significar as decisões do Congresso e do STF?
O governo pode impor regras como a exigência de tempo mínimo de contribuição para pedir desaposentadoria, por exemplo. Um ponto discutido no Judiciário é a possibilidade de quem buscou a desaposentadoria ter de devolver benefícios recebidos. Se o recálculo não passar no STF, pode haver redução no valor do benefício de quem obteve revisão por liminar. Nos casos julgados sem possibilidade de recurso, não haveria essa ameaça.
Para quem está próximo de parar, vale a pena se aposentar agora? 
Segue valendo a pena, até porque, em regra, as pessoas demorariam muito mais tempo para ter direito à aposentadoria integral. A exceção é para trabalhadores que, após se aposentar, são obrigados a deixar o emprego.
Quem teria direito deve entrar agora com ação ou esperar o desfecho do embate em Brasília?
A orientação de Pedro Dornelles, advogado da Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado (Fetapergs), é aguardar a decisão do STF, pois existem sentenças diferentes sobre a desaposentadoria. Em alguns casos, juízes entendem que há o direito, mas os aposentados teriam de devolver o valor dos benefícios já recebidos. O STF deve decidir tanto sobre a desaposentadoria quanto à obrigatoriedade da devolução. Em relação ao Congresso, a expectativa é que o final da discussão ainda demore.
Quem decide
No Congresso
A aprovação na Comissão de Assuntos Sociais do Senado deveria permitir o envio do projeto à Câmara. Mas uma manobra do governo deve fazer com que o texto tenha de passar por duas comissões e ir a plenário no Senado.
No STF
Com a aposentadoria de Carlos Ayres Britto, o órgão precisa escolher um novo relator para o julgamento começar.
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