segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aposentados continuam trabalhando para complementar renda

A população idosa do Brasil mais que dobrou nas duas últimas décadas e segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um número elevado de contribuintes desta categoria recebe aposentadoria. Mas dados da Previdência Social apontam que 67% dos idosos que recebem o benefício, ainda precisam fazer algum serviço extra para um maior complemento de renda mensal.

- Atualmente, a renda mensal máxima de um beneficiário do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) é de R$ 813,00 fixos. Valor que muitas vezes cria desconforto no momento da divisão de renda familiar - revelou o advogado especialista em aposentadoria previdenciária, Claudio Ponciano Ferreira.

A aposentada Elza Veloso Martins, 64, comentou sobre a importância de uma renda auxiliar no complemento das despesas do lar.

- Seria difícil viver somente com o dinheiro da aposentadoria e por isto continuo trabalhando como atendente em um escritório de odontologia - disse.

O fator "saudade do trabalho", somado à necessidade de um complemento à renda familiar, levou o taxista Jorge Alves de Assis Sobrinho a continuar exercendo a profissão mesmo depois de aposentado.

- O hábito diário de exercer uma ocupação da qual se gosta é uma turbina para as dificuldades impostas a todas as pessoas da terceira idade e a satisfação vai além de um fator meramente financeiro - contou.

Apesar de ser preciso que alguns aposentados continuam trabalhando, segundo especialistas, ocupar a mente diariamente com uma atividade de renda complementar leva muitos idosos a um maior desenvolvimento intelectual e até previne doenças.

- Uma ocupação para complemento de renda ajuda o indivíduo da terceira idade a combater a depressão, por exemplo, que pode vir a ser gerada pelo sentimento de saudade da função trabalhista exercida anteriormente - revelou o psicólogo, José Antônio Gugeumin Junior.
Dados alertam sobre a importância da contribuição

As estatísticas divulgadas pelo IBGE indicam que apesar do crescente número de brasileiros no núcleo da terceira idade, a demanda de trabalhadores na fila de requisição do beneficio ainda é grande. O mecânico Ademir Vieira, 59, começou a trabalhar com 15 anos. Segundo ele, o salário que atualmente ganha em sua oficina é suficiente para o sustento de sua família, mas se preocupa com a questão de aposentadoria por nunca ter contribuído com a previdência social.

- Apesar de viver do meu próprio negócio não sou aposentado e não pago plano de saúde devido o beneficio de assistência médico ser muito elevado. Por isso me preocupo com o futuro - contou.

Um aumento de renda visando suprir as necessidades da contribuição previdenciária individual tem sido a alternativa adotada por muitos idosos. O gasto com tratamentos e medicamentos, por exemplo, é uma das maiores preocupações da população da terceira idade, uma vez que a distribuição de remédios do sistema público algumas vezes não atende as demandas quantitativas da população, e o complemento da renda é o caminho para se manter.

Projeto prevê revisão de benefício

Aposentados e segurados do INSS terão uma boa oportunidade para verificar e, eventualmente, corrigir erros referente a valor de benefícios. O Sindicato Nacional dos Aposentados começou no início do mês, o atendimento para esclarecimento de dúvidas sobre correção de erros referente á invalidez, auxílios saúde e acidente e pensão por morte.

Em virtude de um erro de cálculo, os benefícios pagos no período de 1999 e 2009 foram reduzidos em 20% no valor previsto. De acordo com o contador Cassio Madeira, a regra previdenciária nacional prevê que os valores devem ser pagos com base nos valores calculados nos 80% maiores salários do contribuinte.

- Os cálculos beneficiários deste período erraram por não descartar a porcentagem de 20% dos últimos menores salários dos contribuintes - lembrou.

O projeto de revisão foi sancionado após um acordo firmado entre sindicato e INSS, que busca informar os beneficiários sobre seus direitos nas revisões dos períodos mencionados. Segundo a coordenadora do departamento jurídico do sindicato Tônia Galeti, a unidade neste primeiro momento vai auxiliar e direcionar os beneficiários aos departamentos mencionados em casos específicos.

- Recebemos autorização para auxiliar os beneficiários a entenderem se possuem ou não o direito a correção de benefícios para que na segunda demanda recebam a carta confirmação do INSS sobre os valores a serem recebidos nos períodos decorrentes - finalizou.

Fonte: Diario do Vale |  Wellington Silva |Sul Fluminense