sexta-feira, 12 de julho de 2013

Químicos protestam por aposentadoria especial

SÃO PAULO - Os profissionais químicos reivindicavam um sistema de aposentadoria especial e pela redução na rotatividade no setor de etanol....

Nayara Figueiredo
SÃO PAULO -  Os operários da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar) levaram uma pauta específica ao Dia Nacional da Luta. Nesta quinta-feira (11) químicos reivindicavam por um sistema de aposentadoria especial e pela redução da rotatividade no setor de etanol.

Segundo o presidente da federação, Sergio Luiz Leite, os trabalhadores do setor químico atuam em situações perigosas e insalubres, o que justifica a aposentadoria especial.

"O governo tem trazido dificuldade para a aposentadoria com menos tempo de trabalho desta classe, que se expõe a riscos maiores do que outras categorias", explica Leite.

Sobre o setor do etanol, o presidente afirma que esta é a segunda maior classe em rotatividade de mão de obra. "A categoria tem cerca de 50,9% de rotação, enquanto a média da indústria é 32%. Só perdemos para a Construção Civil, onde o nível chega a 90%", avalia Leite.

Para minimizar a questão, segundo o presidente, o governo desonerou o pagamento de Pis e Cofins ao setor, valores responsáveis pelo financiamento do seguro-desemprego dos trabalhadores.

"Queremos que o governo mantenha os benefícios fiscais, sem que isso afete o trabalhador, e reduza a rotatividade da área", enfatiza.

De acordo com Leite, estes dois temas serão levados à discussão com o governo federal, em uma reunião agendada para o próximo dia 18.

INSS teme que aposentadoria especial aumente os gastos

Divulgação
Os projetos em tramitação no Congresso Nacional que concedem aposentadorias especiais estão entre as preocupações do governo. O assunto foi discutido ontem entre o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, que teme que a aprovação de propostas nesse sentido abra precedente para “uma explosão das contas do setor”.
O benefício é oferecido aqueles que trabalharam em condições insalubres, que podem fazer mal à saúde e desenvolver doenças por conta de atividade penosa ou repetitiva, ou em situação de periculosidade, que oferecem risco à vida. No entanto, para ter esse direito, os segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devem comprovar que atuaram nessas condições por meio do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), documento emitido pela empresa e assinado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança.
Atualmente, o Grande ABC conta com 17.552 aposentadorias especiais. Santo André é o município com o maior número desses benefícios, ao todo 6.749. Em seguida, São Bernardo é a cidade em que a Previdência mais gasta recursos com esses beneficiários, cerca de R$ 11 milhões para 5.332 pessoas.
Mauá tem 1.966 benefícios, São Caetano, 1.912, Diadema, 908, Ribeirão Pires, 816, e Rio Grande da Serra mantém apenas 69 aposentadorias especiais.
Com isso, o INSS desembolsa, por mês, R$ 36,2 milhões com este tipo de benefício na região. Sem contar que o valor médio, de R$ 2.042 por segurado, é 45% superior à média da aposentadoria comum, de R$ 1.404.
SITUAÇÃO - A aposentadoria especial está prestes a ser conquistada por garçons, já que na terça-feira um projeto com esse objetivo deve ser votado no plenário da Câmara. Além deles, outra proposta (PLP 201/2012) já aprovada no Senado Federal contempla, aos 25 anos de contribuição, maítres, cozinheiros e confeiteiros.
“Para uma categoria só, o impacto não seria tão grande, o problema é a generalização, a abrangência, o volume que isso pode tomar”, disse Garibaldi.
O ministro garantiu que não foi pedir ao presidente da Câmara que tire a proposta de pauta. “Eu não pedi para tirar nada, quem tira e quem coloca são os parlamentares. Eu vim aqui para ver se tinha um aprofundamento desse debate, mas a maneira como eu encontrei a situação já não é possível”, admitiu.
À saída do encontro, Garibaldi foi abordado por um grupo pequeno de trabalhadores de bares e hotéis. Eles pediram que o ministro não deixe que a presidente Dilma Rousseff vete a proposta, caso ela seja aprovada.
“Como representantes dos trabalhadores nessa área, temos também preocupação com a Previdência Social, mas nós temos que convir que no nosso segmento profissional, há uma informalidade muito grande e hoje, se essa lei for aprovada, será um incentivo para cerca de 2 milhões de trabalhadores, que vão ter que exigir a carteira assinada e o recolhimento da Previdência Social vai ser maior”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal , Orlando Candido.
O relator da proposta, Luiz Pitman (PMDB-DF), disse que não vê motivo para preocupação já que, segundo ele, a questão dos garçons é diferenciada.
“O trabalho deles e a forma como foram excluídos pela sociedade nesse período os deixa muito próximos dos empregados domésticos, como também entenderam o Congresso e a presidente Dilma neste momento difícil do Brasil”, avaliou.
Fonte: Diário do Grande ABC