sábado, 21 de abril de 2012

O Mercado de Trabalho após os 50 anos


Quase 17,5 milhões de trabalhadores brasileiros têm mais de 50 anos, e uma parte desse contingente procura recolocação quando se aposenta ou enfrenta o desemprego.

A vida profissional é feita de ciclos, que podem se renovar por muitos anos ao longo da maturidade. Isso só depende de planejamento. 

“Se a pessoa vai se manter na mesma área em que estava trabalhando, ela provavelmente vai ter que fazer um curso de reciclagem, para ver se não tem alguma nova tecnologia na área e assim por diante”, orienta o especialista em carreira Silvio Celestino. “Agora, se a pessoa quer mudar totalmente de área, ela realmente vai ter que fazer um curso para aprender aquilo com o que ela vai trabalhar”. 

É muito importante saber se quer voltar ao mercado de trabalho como funcionário ou se pretende abrir um negócio. Ser empregado é muito diferente de ser patrão. “Um empregado tem uma cabeça de recebimentos a cada 30 dias. Um empreendedor, às vezes, pode passar anos sem recebendo muito pouco”, explica Celestino. 
Hoje, um aposentado de Fortaleza está ganhando dinheiro ajudando outros aposentados. Seu Maurício dos Santos se destacou na carreira militar como dentista do Exército e, durante muitos anos, foi administrador de hospitais militares em Vitória e Fortaleza. Hoje na reserva, ele aproveitou a experiência como gestor para abrir uma empresa de prestação de serviços, principalmente para quem já passou dos 60 anos. 

Hoje, Mauricio conta com seis funcionários fixos e 25 colaboradores terceirizados. “Eu aconselho as pessoas a não parar de trabalhar, com isso você vai ter uma vida mais longa”, acredita o empresário. “Não existe idade avançada. É só querer trabalhar, que há condições de levar a vida melhor”. 

Os desafios para quem tem mais de 50 anos e já ficou alguns anos parado são maiores, mas isso não é motivo para desânimo. 

Quem procura emprego nessa faixa etária deve valorizar o que tem de melhor: a maturidade e a experiência. “O que se espera de uma pessoa com mais idade é o seu domínio emocional: você conseguir se manter calmo em situações onde pessoas mais novas talvez perdessem um pouco o domínio das emoções”, exemplifica o consultor 

Se você se sente melhor como empregado, as funções de atendimento ao público trazem muitas oportunidades. Supermercados, livrarias e companhias aéreas são alguns dos setores que contratam funcionários de mais idade. 

Encontramos um exemplo em Porto Alegre que confirma essa tendência. Numa loja de móveis, ter mais de 50 anos é garantia de valorização profissional: dos 47 funcionários, 12 estão nesta faixa etária. Essa é uma estratégia da empresa para cativar os clientes na hora de fechar negócio. 

Depois de dois anos desempregado, no início do ano passado o economista Neuri Salton conseguiu voltar ao mercado de trabalho – e na área em que sempre autou, o comércio. Aos 55 anos, ele é o gerente operacional da loja em Porto Alegre. “Se a gente perde um emprego depois de uma certa idade, como eu perdi, as coisas se tornam bem mais difíceis. Eu tive que reestruturar toda a minha vida, começar tudo de novo”, conta. “Quando a gente vê uma oportunidade, agarra com unhas e dentes e procura dar o melhor, fazer da forma mais positiva possível”. 

Dependendo da área de trabalho, a experiência também pode significar um conhecimento técnico maior. 

Alfredo Ferreira Marques trabalha há 40 anos como analista de sistemas e domina o Cobol, uma linguagem de programação famosa nas décadas de 60 e 70 e que ainda hoje é utilizada na área financeira. “O mercado mudou muito. Hoje em dia, a turma acredita um pouco mais na experiência, acredita que a mesclagem do idoso com o jovem é uma coisa mais produtiva para a empresa”, acredita Alfredo. 

O especialista Silvio Celestino concorda que a carreira profissional não acaba então com a aposentadoria. “Uma carreira profissional só acaba quando a sua vida acaba. Você pode viver 200 anos, sempre vai ter alguma coisa para fazer, aprender, se interessar e assim por diante”, diz. 

É como diz o seu Alfredo Marques, do alto dos seus 68 anos. “Minha dica para o pessoal é que eles não desanimem, estudem e progridam na vida. A primeira coisa é o seguinte: seja feliz agora, com o que você tem hoje. Não deixe para ser feliz amanhã”.



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